quarta-feira, 23 de março de 2011

O CHIMARRÃO


O CHIMARRÃO  -  O baluarte da tradição gaúcha, Glênio Fagundes que me desculpe, mas valho-me de uma magistral e didática obra sua (refiro-me ao CEVANDO MATE), para apresentar esse fascinante tema O CHIMARRÃO, sorrupiando-lhe várias estampas do título acima mencionado - porém, com a melhor das intenções, isto é:  de bem educar e ilustrar os adeptos e curiosos do salutar hábito de matear.
Aproveito a cüerada, para agradecer o incentivo e apoio recebido do meu amigo Anderson Lumertz Takeda que me cutucou com vara curta a expor esse apaixonante tema.
Obrigado, amigos !!!


LENDAS  DO  MATE
Segundo uma lenda indígena, pré-colombiana, narrada através da tradição oral, a origem da erva-mate (caá) é uma doação do "deus" Tupã.

I - Tupã (Deus supremo), entregou a erva-mate Caá aos feiticeiros (pagés e morubixabas), para que transmitissem seus poderes milagrosos aos filhos do grande Império Guarani.

II - Outra variante conta que um velho guerreiro guarani, impedido de ir à guerra e à caça, pelo peso dos anos, se consolava apenas com a companhia de sua jovem filha Yari.  Mas isso também lhe trazia tristezas e aflições, sabendo que Yari ficava privada das alegrias da juventude, para estar a seu lado.
Certa vez, quando sua tribo partira em busca de sobrevivência e ficando só com sua filha, apareceu-lhe um estraho guerreiro pedindo abrigo em sua jornada, dizendo vir de muito longe . . .
Então, o ancião e a filha o acolheram com respeito nobre, dando sua amizade nativa de hospitalidade.
Na manhã seguinte, o estranho viajante, agora mais amigo do que forasteiro, ao manifestar sua partida, falou, dizendo ser um enviado de Tupã.  E, dirigindo-se ao velho guerreiro, indagou:
- O que te falta, meu bom amigo?
E o ancião responde:
- Assim, como dessa afeição que nasceu entre nós, ao partires, ficarei com a recordação saudosa de tuas lembranças.  Tudo nessa vida passa e ao passar nos deixa uma saudade, preenchendo o vazio das ausências . . .  E cada vez, vamos ficando mais sós!  Dependentes da gratidão ou da pena de alguém que priva sua liberdade para suavizar nossa solidão! . . .
- Gostaria de ter um companheiro igual, no meu silêncio de recordações, cheio de paciência, sem críticas e que, juntos, pudéssemos distrair os momentos de espera na velhice!  Que me desse, sempre, a força do calor que tem a amizade das mãos amigas.
Só assim poderia descompromissar a liberdade de Yari.
O enviado de Deus ouviu com atenção as justas razões do velho guerreiro, depois disse-lhe:
- Vou de dar duas graças:
A 1ª (alcançando um ramo cheio de folhas) é esta planta que se chama caá.  Nela encontrarás um mistér que, digno dos nobre de coração, servirá de alimento e trará vigor ao teu povo e será o amigo silencioso, sem críticas, em todos os momentos em que solicitares um companheiro.
A 2ª, de hoje em diante, tua filha será chamada de Caá-Yari (a Deusa dos ervais e dos ervateiros).
E assim o fez!
Segundo contam, Cacá-Yari (Deusa dos ervais e dos ervateiros), se revolta diante da infidelidade humana, fazendo com que os fardos de erva (caá), carregados em raídos pelos tarefeiros, se tornem pesados ao carregá-los e no momento da pesagem fiquem leves, causando prejuízos aos mesmos, porém aos quais ela dispensa a sua proteção e abençoa, os fardos são leves ao transportar, ficando pesados na pesagem.

III - Certa vez dois nativos das Américas se desentenderam e se apartaram um pra cada lado.
Um deles vivia alegre e em companhia dos demais, enquanto o outro vivia solitário e triste. 
Numa noite em sonho ele recebeu a visita de Caá-Yari (Deusa dos ervais e dos ervateiros) que se apiedou dele e lhe deu o segredo místico de uma certa bebida mágica chamada cimarrón (que os jesuítas grafaram ximarrón - e que os portugueses regrafaram por chimarrão), dizendo-lhe:
- Encontrarás na bebida da infusão dessas folhas, o alimento da juventude e muita compreensão para as razões desconhecidas desta vida!
CaáYari lhe havia dado o segredo da erva-mate.

NOTA:  Existem muitas outras lendas a respeito da erva-mate, embora tenhamos nomeado apenas três das mais conhecidas.  (Glênio Fagundes)


O CHIMARRÃO
No Rio Grande do Sul, o hábito salutar de chimarrear é herança guarany; como poderemos esperar das coisas que dependem do nosso cuidado, resultados positivos que só enobreçam uma gente livre, se esquecermos de dar-lhe uma razão para existir?
Quando os padres jesuítas Roque Gonzáles, Alonzo Rodríguez e Juan Del Castillo chegaram neste Pago, por volta de 1620 - 1626, ficaram impressionados com o vigor físico dos nativos deste lugar.
Notaram que uns tinham mais mulheres que outros e atribuíram àquele costume polígamo, ao poder afrodisíaco do chimarrão - pois, os nativos passavam o dia inteiro tomando aquele chá (caá-te), numa cabaça (cuia) que em guarany se chama cahí-gua.
Decidiram proibir o chimarrão, justificando porque - o añhangá (o diabo) tinha colocado veneno mortífero naquela bebida.
Então eles recorreram ao feiticeiro e este (depois de consultar às suas divindades), lhes deu a solução: bastava cuspir o 1º sorvo por sobre o ombro esquerdo e o 2º sorvo por sobre o ombro direito; pronto, ºtodo o veneno que ali contivesse, estaria indo fora - e poderiam chimarrear sem medo. Desta forma, os jesuítas não conseguiram tirar o chimarrão dos nativos e este salutar hábito chegou até nós, inclusive a tradicional cuspidela inicial.

Certa feita, uma revista de Buenos Aires publicou um comentário sobre a ração alimentar dos argentinos, do século XVII:
Nas longas jornadas de Buenos Aires à Córdoba e Tucumán, os viajantes apenas se alimentavam com carne e cimarrón. Mesmo assim, esta simples alimentação faz nossos hermanos altos, delgados, rijos, vivos, inteligentes, batalhadores, valentes e laboriosos.

Quando Saint Hilaire passou pelo Rio Grande do Sul, em 22-09-1820, escreveu:
O uso dessa bebida (cimarrona), é geral aqui; toma-se ao levantar da cama e depois, várias vezes ao dia. A chaleira com água quente, está sempre ao fogo e logo que um estranho chega, se lhe oferecem o chimarrão.

Durante a Guerra do Paraguai, o Gal. Francisco da Rocha Callado escreveu ao industrial David Antônio da Silva Carneiro:
Fui então, testemunha durante um período de 22 dias, de que nosso exército alimentava-se quase que exclusivamente da erva-mate que colhíamos no local e que, elaborávamos como podíamos, pois a falta de víveres não nos permitia longos repousos.

Amigos leitores!
No Rio Grande do Sul, a hospitalidade é uma constante, na vida do Gaúcho - e o chimarrão (quer no núcleo familiar ou entre amigos), desempenha a função de agregador, harmonizando através do calor humano, esta simples simbiose afetiva, pelo clima de respeito que florece por entre as chimarroneadas.

Chimarrão e cara alegre . . . o resto, a gente faz !

Paissano amigo!
Experimente despejar a mente, chimarroneando.


“Amargo doce que eu sorvo
num beijo em lábios de prata!
Tens o perfume da mata
molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno
que passa de mão em mão,
traduz no meu chimarrão
em sua simplicidade,
a velha hospitalidade
da gente do meu rincão.”
(Glaucus Saraiva)


A ERVA-MATE
A erva-mate é processada da planta chamada de ERVATEIRA, que em guarany se chama CAÁ (planta nativa da América do Sul).
Essa erva-mate, em guarany é chamada de CAÁ-JARI e é dela que se faz a infusão chamada de Caá-te - que é o nosso Chimarrão.
Uma erva-mate adulta possui a aparência de uma laranjeira; seu tronco de casca lisa e esbranquiçada, tem em média 30 centímetros de diâmetro, possuindo folhas perenes (não caem no inverno).
Sua estatura varia de 6 a 8 metros de altura, o tronco é reto, com muitos ramos alternados.
Uma ervateira nativa com mais de 6 anos, produz em média 100 Kg de matéria-prima por safra; quando cultivada, apresentando mais ou menos 3 metros de altura aos 4 anos, chega a fornecer de 90 a 180 Kg.
Segundo Fernando Assunção (escritor uruguaio),a primeira escrita referente ao consumo da erva-mate, foi a obra do padre Lozano, citando a Diego de Zeballos em seu “Tratado del reto Uso de la yerba del Paraguay”, Lima (Peru) - 1667.
No século passado, o naturalista francês Auguste de Saint Hilaire - em viagem pela América do Sul, esteve várias vezes no Brasil; quando regressou ao seu país, em 1823 entregou um Relatório destinado à Academia de Ciências do Instituto de França, propondo a designação da planta - de ILEX.

Na América do Sul, existem mais de 280 espécies, classificadas em 5 famílias:
Ilex gigantea (a mais alta)
Ilex guarany (a mais verde)
Ilex âmara (a mais amarga)
Ilex realis (a mais suave)
Ilex paraguariensis (a mais gostosa)

Em nosso Pago Gaúcho, pela Lei N º 7.439 (08-12-1980), foi instituída a ERVA-MATE Ilex paraguariensis, como a "Árvore Símbolo" do Rio Grande do Sul.


Descobrindo a erva-mate



Escolhendo a boa semente de erva-mate



Fazendo um bom viveiro de semente de erva-mate



Conhecendo a planta erva-mate



1ª foto = Colhendo
2ª foto = Sapeco
3ª foto = Carijo (secando)
4ª foto = Cancheamento à maguá


Tarefeiro



Raídos em muares



Manguá



Transporte moderno



Recepção



Secagem em estufas



Monjolo
(Movido à água)


Socagem
(Movido à energia diesel ou elétrica)



O CHIMARRÃO está no sangue do gaúcho
Está na Fazenda



Está no trabalho onde for



Está no galpão rústico



Está com os nativos



Está com o Charqueador



Está com o Estancieiro



Esteve no Movimento Farroupilha 1835/1845
(Revolução Farroupilha 1835/36)
(Guerra Farroupilha 1836-1845)


Está com o Fazendeiro


Está com o Peão e a China


Está com o Gaudério


O Fogo-de-chão no galpão da Estância

Meu tosco GALPÃO de Estância
erguido sem aparato,
aqui no mais te retrato
sem te pedir permissão;
abrigo guasca sem luxo,
lar paterno do gaúcho,
sala de estar do patrão.

No recesso de teu ventre
saturado de fumaça,
amalgamou-se essa raça
soberana das coxílhas;
que nos deixou por herança
escrita a ponta de lança,
a História dos Farroupilhas.
Apparício Silva Rillo



O Fogo-de-chão no galpão da Fazenda

GALPÃO retaco e petiço
de santa-fé desabado,
que se varre mal tapeado
uma que outra manhã;
GALPÃO pintado de graça
pelo pincel da fumaça,
molhado de picumã.

Ao calor das brasas rubras
do fogo aceso em teu chão,
a crioula Tradição
se retempera e se expande;
perpetuando nas histórias,
as cicatrizes de glórias
do verdadeiro Rio Grande.
Apparício Silva Rillo



Monumento ao "Morubixaba" (Cacique, Pagé e Feiticeiro) Sepé Tiarayú,
em Stº Ângelo - Missões (RS)



O Chimarrão esteve na Revolução de 1893/95
(Maragatos/Pica-paus)
Guerra da Degola



O Chimarrão esteve na Revolução de 1923/24
(Maragatos/Chimangos)


Está com o Gaúcho tradicionalista



Mateando solito



Despejando a mente



Mateando antes de ir ver a sua Prenda amada



Roda de chimarrão



Esperando a volta
da sua querida China;
morena de toda crina,
dessas da venta brazina,
com cheiro de lixiguana,
que, quando ergue uma pestana,
inté a noite se ilumina.
Jayme Caetano Braun


Sorvendo um bom chimarrão


El MATE és digestivo . . .  el MATE és revigorante . . .  el MATE és gáucho (gaúcho)
Meu amigo Jorge Lopez Arezo (com gorro), de Livramento/Rivera e seu companheiro Silvio dos Santos, de Artigas/Quaraí, chimarroneando.
Uruguayos, membros de la fuerza policial oriental


No meu RIO GRANDE DO SUL, os bons hábitos começam cedo . . .


Vejam a linda MANUELA (com 1 ano e 4 meses), filha da minha amiga Day, já mateando


Meu estimado sobrinho LEANDRO NORONHA MELO - mateando em Dourados (MS)



OS AVIOS DE CHIMARRÃO - (de mate)
A palavra AVIOS, é sempre empregada no plural, porque determina um conjunto de objetos, utensílios que são usados para um determinado fim.
Por exemplo - tem os AVIOS de pescar, os AVIOS de Farmácia (laboratório), etc.

AVIOS DE CHIMARRÃO:
Fundamentalmente, estes são CUIA e BOMBA - é claro que, outros objetos poderão incorporar estes avios, desde que passem a fazer parte deles (o recipiente para servir a água, o samburá, o porta-cuia, a chaleira).

A CUIA (em guarany cahí-guá), pode ser dos mais variados tamanhos e formas, com ou sem requifes, com ou sem retovos, entretanto, a cuia ideal é a pequena (com a capacidade de 3 ou 4 colheres de erva). Em quíchua (língua dos incas), chama-se mate. Em espanhol, chama-se vazo (pronuncia-se: BASSO), que traduzido quer dizer copo.
Em português, chamava-se cabaça - é feita de purús (porongo de parede fina), ou purungús de parede grossa).
Hoje, chama-se simplesmente - CUIA.

A BOMBA (em guarany taquapí - era feita de taquara), hoje é feita de metal e tem 4 (quatro) partes, à saber:
Haste - é o corpo da bomba.
Coador - é o apartador da bomba, a parte que vai no fundo da cuia e serve para coar.
Bocal - é a parte que se coloca na boca, para escorropichar e ressongar o chimarrão.
Resfriador - é uma pitanga (ou botão) que pode ter ou não na haste, que retém o calor, para não queimar os lábios do chimarrista.

CEVANDO O CHIMARRÃO
Coloca-se água pura na pava (chaleira, cambona ou chicolateira), para aquecer e dá-se de mão na cuia, colocando nela 2/3 de sua capacidade com uma boa erva da preferência.
Faz-se o topete (ou morrete) e quando a pava começar a chiar (estará com 62 º C), enche-se aquele espaço vago com a água que já estará tíbia (nem morna e nem quente); recosta-se a cuia no samburá para que a erva inche, cuidando-se de quando chegar o momento da pava trocar do chio fino para o chio grosso, pois aquela será a temperatura ideal para um bom chimarrão (74 º C).
Alguns, ainda, tem o hábito da tradicional cuspidela (cuspir o 1o chimarrão); já explicamos que isso é superstição guarany
Veja à seguir, alguns CONVITES, para participar deste salutar hábito:
1 – Vamos chimarrear?
2 – Vamos jervear?
3 – Vamos matear?
4 – Vamos amarguear?
5 – Vamos verdear?
6 – Vamos apertar um mate?
7 – Vamos tomar mate?
8 – E que tal, um mate?
9 – Mas, e que tal aquele chimarrão?

REGRAS DO CHIMARREAR:
Enchendo o chimarrão
O destro, enche a cuia com a pava na mão direita e para alcançar ao parceiro, ou dele receber a cuia, sempre deve usar a mão direita; entretanto, se a direita estiver ocupada, faz-se com a esquerda e diz-se: desculpe a mão . . . ao que deve ser retrucado: não importa, é a do coração.
A volteada deve sempre seguir pela direita.
Só o cevador pode mexer no chimarrão, a menos que se obtenha a devida permissão do cevador.
O primeiro chimarrão sempre é do cevador.
Quem recebe deve sorver todo até ressongar (roncar) e bem escorropichado (chupado até o último gole).
Só se agradece quando não quiser mais.
O pealador de chimarrão é aquele que, ao chegar numa roda de chimarristas, senta-se à direita cuia (a este, não deve ser dado o seguinte chimarrão).
O correto é sentar-se à esquerda da cuia.

MANEIRAS DE CHIMARREAR:
Chimarrão-solito
É isoladamente só; este, é um verdadeiro chimarrista.

Chimarrão-de-parceria
Somente com um parceiro; entre dois, portanto.

Chimarrão-de-roda
Com mais de dois companheiros; havendo mais de quatro companheiros, é aconselhável se providenciar tantas cuias, quantos forem os grupos de quatro chimarristas.



DIÁLOGOS ENTRE CHIMARRISTAS:
Ao oferecer o chimarrão, o cevador diz:

Dê o primeiro galope !

Ao que o obsequiado responde:
O galope será dado em sua honra !

Quando o chimarrão está muito quente, o cevador avisa:
Cuidado que é redomão !

Se a erva estiver lavada, havendo intimidade, o convidado sugere uma nova encilha, dizendo:
Dê de rédeas, que este já amansou.


COMPARAÇÕES:
1 - Andar como mate apertado = em dificuldade.
2 - Esquentar a água pros outros chimarrearem = ser tolo.
3 - A vida é como o mate - cura cevando = é vivendo que se aprende.
4 - Fulano anda tomando mate com rapadura = fulano está feliz.
5 - Beltrano anda tomando mate de sol = beltrano está sem dinheiro.
6 - Sicrano não tem nem pra erva = sicrano está descapitalizado.
7- Fulano anda com cara de mate fervido = fulano está sem graça.
8 - Não fico verde chimarreando, já sou maduro = sou ajuizado.
9 - Primeiro os encargos, depois os amargos = primeiro os deveres, depois os direitos.
10 - Beltrano é cheio da erva = beltrano é rico.


SUPERSTIÇÕES:
Brasa que se gruda na pava.
Se for grande, indica a visita de uma pessoa importante.
Se for pequena, indica a visita de uma pessoa sem importância.
Se a brasa grudar no lado, indica que a visita será de uma pessoa faladeira.


TIPOS DE CHIMARRÃO:
Chimarrão curto
É aquele com muita erva e pouco espaço para água.

Chimarrão entupido
É aquele empacado, porque foi mal cevado (começado); se deve iniciar tudo novamente.

Chimarrão tamanqueado
É aquele que o recipiente com a água quente está num outro local.

Chimarrão de conversador
É aquele chimarrista que mais conversa do que sorve, esquecendo-se dos demais da roda.

No geral, desfoleia-se frases:
Quem dos senhores viu por aí uma cuia?
Alguém conhece o fulano, que abriu os dois pulso chimarroneando?
Tu sabia que o beltrano morreu com a cuia na mão?
Já ando com saudades da cuia, por onde andará a danada?
Quem dos senhores pode me informar, quando passou por aí uma cuia?

AS SENHAS DO CHIMARRÃO:
Antigamente, para se namorar era uma dificuldade tremenda; o pai e a mãe da moça dum lado da mesa, o vovô e a vovó do outro lado da mesa e o cunhadinho na volta de fora; beijar? Nem pensar !
E dê-lhe chimarrão . . . e dê-lhe mate ! até que iam parando e a cuia ia para o samburá.
Era o momento da moça esperta, preparar um mate especial para o querendão; vinha, então aquele incrementado, que assim queria dizer:

1 – Mate com canela - só penso em ti.
2 – Mate com leite - estimo-te muito.
3 – Mate com café - perdoei a tua ofensa.
4 – Mate com mel - quero casar contigo.
5 – Mate com laranja - quero ser roubada.
6 - Mate tíbio - assim estou a tua espera.
7 – Mate frio - desprezo-te.
8 – Mate com sal - namoro contrariado.
9 – Mate com rapadura - somente amizade.
10 – Mate com melado - tua tristeza me comove.
11 – Mate com açúcar queimado - és simpático.
12 – Mate virado - me és indiferente.
13 – Mate lavado - vá embora.
14 – Mate fervendo - odeio-te para sempre.
15 – Mate com folha de m’bú - te manda.

O VIRAR O MATE (chimarrão):
Quando o mate já estiver lavado, tira-se um pouco da erva usada do fundo da cuia puxando-a para cima e esbruga-se um mesmo tanto para o lugar que foi desocupado; ajeita-se novamente o topete e procede-se como se novo fosse.

O ENCILHAR O MATE (chimarrão):
Quando o morrete já foi totalmente virado, não havendo mais erva por infusar - retira-se 1/3 da erva lavada, faz-se uma falsa base à meia cuia e completa-se com erva nova, procedendo-se como, se novo fosse.


Os AVIOS de Mate
(Cuia e Bomba)



Mate cevado
(O morrête ou topete)



Servindo o Mate
(Maneira correta de segurar a chaleira)



Cevando o Mate
(Não esquecer de tampar a chupeta com o polegar, para não entrar ar falso)



Muita erva na cuia
(Dá mate curto)



Pouca erva na cuia
(Dá mate comprido)



O mate encurtou - ajeita



Analizando o mate lavado



Encilhando o mate



Refazendo o mate



As parte de uma BOMBA
(Haste, Colher, Chupeta e Resfriador



Bombas primitivas



Como fazer uma TAQUAPÍ



Tipos de PORONGOS



Formando CUIAS



Preparando CUIAS



Porta-cuias tripé-de-metal, numa parte de porongo, num círculo de couro, numa caneca
(No pescoço de uma chaleira e na boca duma cambona)



Protetor de chupeta, porta-cuia, descansa chaleira com porta-cuia



Pavas  e  Chaleiras



Cambonas
(Canecão improvizado)



Chicolateiras
(Obras de funileiro)



Chicolateiras
(Obras de funileiro)


Uma PAVA moderna
(Recipiente pra aquecer a água)



Meus AVIOS de chimarrear


Belos AVIOS de chimarrear



A minha esposa DALVA chimarroneando em nossa casa, aos 23-03-2011 (48ª Bodas de nosso Enlace)


Minha filha HELENITA acabou de matear e até já lavou a cuia, em Bolzano (Itália)
(Enviarei erva-mate pra ela)


TRÊS  MATEADORES  PRIMOGÊNITOS
Sou filho primogêniro e neto primogênito dos dois avós  +  JOÃO PEDRO (meu neto primogênito) com seu pai HELINTON (meu filho primogênito), atualrmente residindo em Macau (China), onde é Cmt. aeronauta


Meu filho DANIEL (Militar) mateando na praça central de Araguari (MG)



Meu filho MOISÉS (Militar) mateando defronte às Ruínas de S. Miguel (RS)


Minha nora VALDIRENE mateando defronte às ruínas de S. Miguel (RS)



Minha filha DÉBORA (Acadêmica de Psicologia) mateando em minha sala



Meu genro JULIANO mateando com meu neto FELIPE, em Blumenau (SC)



Minha neta LUIZA mateando em meu escritório



Minha neta VICTORIA mateando em Lages (SC)



Meu neto VENÂNCIO mateando em Lages (SC)



Minha neta NICOLLE mateando em meu escritório



Meu neto FELIPE mateando aos quatro anos de idade - 24-03-2011




. . . E DÊ-LHE MATE . . .



CEVANDO  MATE
Autor:  Telmo de Lima Freitas
Cantado em rítmo de chote
por

Kathellyn Garcia
Prendinha do
CTG Aldeia dos Anjos
Gravataí - RGS




CEVANDO MATE
Letra

Este mate-amargo que eu cevei nesta viola,
Aprendi na escola do galpão; (BIS)

Onde o peão mais velho ensinava a gurizada,
Todo o ritual do chimarrão. (BIS)

Pra cevar o mate-chimarrão bem a contento,
O grande momento é principiar; (BIS)

Encharca bem a erva com a água bem esperta,
E atira para o lado de montar. (BIS)

Bomba pura prata cinzelada com capricho,
Onde escorrupicho até roncar; (BIS)

Esse mate-amargo que adoça minhas penas,
Foi quem me ensinou a madrugar. (BIS)

Por isso ainda cevo o mate-amargo a meu contento,
Em todo o momento que comungo no galpão; (BIS)

Cada gole verde dessa erva missioneira,
Me enraiza mais por este chão. (BIS)

(Repete a 3ª e a 4ª estrofes).


O autor Telmo de Lima Freitas (São Borja-RGS), em magistral interpretação do seu canto CEVANDO MATE (milonga)




MATE  AMARGO
Autores:  Juvenal Fernandes, Carlos F. Bravo  e  Franscisco Brancatti  
Ranchera
solada por
H. Aranguiz
ao seu bandoneón


MATE  AMARGO
Ranchera
versão cantada por
Rafael Rossi
(Montevideo - Uruguay),
ao seu bandoneón





MATE  AMARGO
Ranchera
letra completa de
Francisco Brancatti
cantada por
Libertad Lamarque
http://topmusicas.net/francisco-brancatti/mate-amargo.htm#orkut


Recitado:
¡Entre la imagen divina
y ocupe el puesto de honor!
¡Que es su garganta argentina,
una calandria que trina,
mesmito que el ruiseñor!


Canto:
Aquí estoy yo pa' que me den algún lugar.
Que aunque mujer, al fin yo se que he de cumplir,
pues a los gauchos les he de cantar
y no se han de arrepentir.


Recitado:
¡Arrincónense y no largue esa vihuela, mi prienda,
y haga buche el que se amargue!
Si ha caído como de encargue.
¡¿Pa' qué mezquinar la rienda?!


Canto:
Que se haga ver primero 'ño José Julián,
pa' corajear, dicen los mozos que han llegao;
las chilindritas ya con los papás,
tuitas se han alborotao.


Recitado:
Me gusta la atropellada,
y tiene tiro largo la moza pa' la versada.
¡Habrá baile, mate amargo,
y aplauso en la madrugada!


Canto:
'Ña Remedio ya se tiene fe,
oigale, por favor.
Ya se ajustan las polleras
porque en las rancheras
hace pata ancha, sí señor.
¡Tiene un lindo cuerpo tentador,
ay, que sí, ay, que sí!
¡Miren como se menea
y se colorea mejor que el ají!


Recitado:
¡Fuego! Dice el bastonero.
Y naides se muestre manso.
Que en cuanto ciña el garguero
esta cantora calandria,
ya salió el asao con cuero.


Canto:
Bueno, ya que toco largo
quiero un mate amargo,
mesmo que mi suerte.
La que no sea fuerte
y aguantar no pueda,
el mate a la rueda tendrá que cebar.
Aura, ya falló una vieja,
pa' qué se me queja, si es un disparate.
Venga con el mate, sufra con pacencia,
que esta penitencia tiene que pagar.


Recitado:
Con esta criolla de verde,
¡amalhaya quién pudiera!
Me gusta cuando se ríe
porque saca un diente ajuera.


Canto:
En el jardín de la pasión que yo soñé,
mucho peor sufrí por un rosal en flor,
que sin su aroma triste me quedé,
con lo amargo del dolor.


Recitado:
Hasta el pájaro cantor
se va lamentando fiero.
¡Lindo maula el del amor,
que de puro escarchador
se vuelve zonzo y mañero!


Canto:
Si le ha tocao cebar a usté, Doña Leonor
joróbese, que no hay razón pa' mezquinar.
El mate amargo traiga por favor,
déjese de cacarear.


Recitado:
¡Miren la cara 'e la vieja
si no es la de un lechuzón!
¡Si la vista no me engaña
se le ha prendido a la caña
como ternero mamón!


MATEANDO

De Jayme Caetano Braun (Timbaúva - RGS), pelo autor


http://www.youtube.com/watch?v=ewfIVyRJDFk&feature=related



CHIMARRÃO
Autor:  Glaucus Saraiva
Poesia


Amargo doce que sorvo
num beijo em lábios de prata!
Tens o perfume da mata
molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno
que passa de mão em mão,
traduz no meu chimarrão,
em sua simplicidade,
a velha hospitalidade
da gente do meu rincão.


Trazes à minha lembrança,
neste teu sabor selvagem,
a mística beberagem
do feiticeiro charrua.
E o perfil da lança nua
encravada na coxilha,
apontando firme a trilha
por onde rolou a história,
empoeirada de glória,
da Tradição Farroupilha!


Em teus últimos arrancos,
no ronco do teu findar,
ouço um potro corcovear
na imensidão deste pampa!
E em minha mente se estampa,
reboando dos confins
a voz febril dos clarins,
repenicando: Avançar!...
Então me fico a pensar,
apertando os lábios assim,
que o amargo que está no fim,
que a seiva forte que eu sinto,
é o sangue de "35"
que volta verde em mim!





F I M




NOTA:  Se você tem conta no "gmail" - eu gostaria de ter o seu comentário no espaço apropriado logo abaixo.                                                                                                                                                      O autor